quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Acadêmica, pero no mucho.






Há dias atrás tive a I-MEN-SA satisfação de participar do Colóquio de Moda da Universidade Anhembi-Morumbi em São Paulo. Foram três dias incríveis de mesas redondas, grupos de trabalhos e muito, muito conhecimento.
Entretanto, voltei de Sampa com algo na cabeça e venho matutando sobre isso desde então, mas antes de escrever aqui, recolhi alguns elementos, com medo de falar bobagem, afinal , as principais vozes do evento são profissionais consagradíssimos, que vem pesquisando constantemente o assunto "moda" em suas mais diversas vertentes, baseadas em observações, experimentações e bibliografias extensas, confiáveis e dignas de respeito, tudo organizado sistematicamente em trabalhos científicos primorosos.


O que vem me intrigando é essa forma extremamente científica de abordar a moda. Em dado momento no GT em que eu participava o assunto tomou um rumo tão, mas tão científico que pensei que devia ser assim uma reunião na Academia Brasileira de Letras ou na NASA. O problema sou eu - cogitei - afinal não estou habituada ainda com esse ambiente demasiadamente acadêmico.


Mas como minha mente é irrequieta e quer respostas novas para problemas que ela mesma cria ponderei sobre qual a importância e a aplicabilidade de todo esse conhecimento científico. Seria a moda um objeto da razão?

Não consigo enxergar a vida acadêmica de um aspirante a bacharel sem a pesquisa científica ou sem a busca do conhecimento científico, mas também não concebo um bacharel que faça a pesquisa pela pesquisa. O conhecimento científico vem permeado de  uma responsabilidade, especialmente no caso do designer de moda, que deve ter como premissa de seu trabalho a aplicabilidade desse conhecimento adquirido de maneira que, ao desenvolver um produto qualquer de moda o faça objetivando uma melhoria na vida de quem vai utilizá-lo. O pesquisador deve ser consciente do caráter relativo da verdade científica e refletir na adequação que o fato estudado vai ter na vida prática das pessoas, afinal, não é coincidência o fato do Design de Moda classificar-se, dentro das áreas do conhecimento das "Ciências Sociais Aplicadas".

Talvez, um caminho alternativo a esse questionamento seja propor novos enfoques para o estudo e pesquisa em moda, quem sabe pela ótica da Epistemologia, que estuda a relação sujeito-objeto, a natureza, caráter e propriedades específicas da relação cognitiva, assim como das particularidades dos elementos que intervém nessa relação. Isso porque acredito que o verdadeiro conhecimento se faz pela ligação contínua entre intuição e razão, entre o vivido e o teorizado, entre o concreto e o abstrato.

E assim eu justifico minha posição: o que me levou até a moda foi seu caráter idílico, lúdico, fantástico, que me permite ser quem sou sem julgamentos (que me permitiu inclusive usar o cabelo repartido ao meio preso em  dois 'pompons' no segundo dia de mesas redondas sem parecer ridícula), que me proporciona um mundo de opções, um universo de personagens e possibilidades, que pode ser tão divertida e ao mesmo tempo tão séria sem ser carrancuda...teria ela esse lado obscuro, circunspecto e sisudo, esse critério pré-concebido que soa como pré-requisito obrigatório da vida acadêmica? Seria essa "eruditização" da moda realmente necessária e/ou benéfica?

Quero terminar este texto dizendo (em tempo) que, nada do que eu pense e discorra é definitivo. Minha mente está aberta à opiniões divergentes para, quem sabe, mudar de idéia se assim eu entender necessário e ainda sim, continuar construindo conhecimento.


Mas eu curti o Colóquio, sorvi cada gotinha. E ano que vem tô lá denovo: Maringá, me aguarde! Ah! E eu quero seguir carreira acadêmica, anota aí.

5 comentários:

Ale Bittencourt disse...

oII FLOR...

Visitando para te desejar novamente feliz aniverssário...

To seguindo já... me visita tbm

http://passionbymakeup.blogspot.com/

Bjusss

beth siqueira disse...

Visitando para uma vez mais me encantar com seus posts, você é muuuito ESPECIAL, bjokasss...

sa disse...

Tá anotadíssimo!!
Eu entendo você... entrei na moda também pela mesma razão e pode ter certeza não somos as únicas. Faço mestrado em design na Anhembi Morumbi e demorei para entender a moda de maneira científica, mas lá existem professores maravilhosos, os melhores do país na área, que vai te receber com carinho.

Beijos e Sucesso

Dani Lopes disse...

Sa!
Obrigada pelo seu comentário! Eu bem sei que posso, ao longo dos anos de estudo, entender melhor todo esse processo científico. é que agora ele ainda me incomoda um pouquinho...hehehe...

Bjo!

Dani Lopes disse...

"Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço..."