Tendências: eu não sigo, eu não gosto, eu não curto. Blá, blá, blá...
Há um conceito social historicamente conhecido como "Espírito do Tempo" - o chamado Zeitgest (em alemão) - que identifica o clima geral intelectual, moral e cultural predominante em uma determinada época e que talvez jogue uma luz sobre esta questão:
"De qualquer forma, parece haver alguma coisa
na ideia de Zeitgest (espírito de época) ou, pelo menos,
na de contágio mental. Pensamos que estamos enveredando
na ideia de Zeitgest (espírito de época) ou, pelo menos,
na de contágio mental. Pensamos que estamos enveredando
por um caminho sem precedentes, e de repente, olhamos em volta
e descobrimos que estão no mesmo rumo toda sorte de pessoas
de quem nunca sequer ouvíramos falar."
e descobrimos que estão no mesmo rumo toda sorte de pessoas
de quem nunca sequer ouvíramos falar."
Clifford Geertz,
Antropólogo americano.
Antropólogo americano.
Acredito que, o que incomoda o ser humano é a possibilidade ou a ideia de ser comandado por algo, manipulado por escolhas alheias. Porém, o que de fato ocorre é que as tendências hoje em dia saem, na maioria das vezes, da observação do cotidiano, do contexto social, econômico e cultural, das próprias pessoas. Isso mesmo, a culpa é sua.
Exemplo: tivemos em 2009 uma crise econômica mundial e isso se refletiu também na moda. Nunca se viu tanto o uso de moletons nas coleções apresentadas no período.Tecido mais barato, afinal, supunham os criadores, não haveria muito dinheiro nem para a produção menos ainda para o consumo. Bordados foram substituídos por estampas, jeans vieram nos índigos tradicionais tendo em vista que lavagens diferentes encareceriam a produção e aumentariam o preço final inviabilizando o consumo.
Aí você foi até a loja, comprou o jeans escuro "porque se sentiu bem usando, porque tem estilo próprio, blá,blá, blá..." Sinto muito meu caro, você comprou tendência.
Osklen Inverno 2009 |
Daí vem o terceiro exemplo: o Baby Boom. A fórmula: Estabilidade na economia advinda do final da Segunda Guerra + Mulherada toda trabalhada no New Look + Soldados regressos enlouquecidos de saudades = explosão de bebês!
Os bebês cresceram, nos anos 60 esses jovens eram maioria e influenciaram a moda do período. Foi a década do Rock and roll, do rebolado de Elvis, das jaquetas de couro, do topete e do jeans. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette e mais adiante de mini saias, num prenúncio de liberdade. A explosão de juventude fez com que, conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas criassem produtos específicos para os jovens. São os Baby Boomers, das ruas para as vitrinas, ditando tendências de moda e consumo.
Há quem ainda acredite que são os estilistas, a mídia, as revistas de moda que impõem o que se deve vestir. Porém o que é sabido é que antes mesmo do criador de moda desenvolver sua coleção ele busca tecelagens. As tecelagens e malharias por suas vez, buscam fiações que buscam referências em matérias primas, fibras e sobretudo em cores, estampas e padronagens geralmente baseadas nas cartelas de cores Pantone que, provavelmente pesquisa muito antes de desenvolver os pigmentos da próxima estação. O olhar parte sempre da sociedade, da leitura que se faz daquilo que o ser humano pensa e espera pra esse momento da vida, da história, tudo traduzido em roupas. Estilistas, mídias e fashionistas apenas confirmam estes sinais e os repassam para o grande público. Cabe a nós, é claro, aderir ou não, mas é um tanto difícil isentar-se das tendências uma vez que vivemos em um país, no mundo e estamos inseridos num contexto global. Sorria! Você pode estar sendo observado.
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