domingo, 29 de agosto de 2010

Quem é que dita a dita cuja?





Tendências: eu não sigo, eu não gosto, eu não curto. Blá, blá, blá...
Há um conceito social historicamente conhecido como "Espírito do Tempo" - o chamado Zeitgest (em alemão) - que identifica o clima geral intelectual, moral e cultural predominante em uma determinada época e que talvez jogue uma luz sobre esta questão: 


"De qualquer forma, parece haver alguma coisa 
na ideia de Zeitgest (espírito de época) ou, pelo menos,
na de contágio mental. Pensamos que estamos enveredando 
por um caminho sem precedentes, e de repente, olhamos em volta
e descobrimos que estão no mesmo rumo toda sorte de pessoas
de quem nunca sequer ouvíramos falar."

Clifford Geertz,
Antropólogo americano.

Acredito que, o que incomoda o ser humano é a possibilidade ou a ideia de ser comandado por algo, manipulado por escolhas alheias. Porém, o que de fato ocorre é que as tendências hoje em dia saem, na maioria das vezes, da observação do cotidiano, do contexto social, econômico e cultural, das próprias pessoas. Isso mesmo, a culpa é sua. 

Exemplo: tivemos em 2009 uma crise econômica mundial e isso se refletiu também  na moda. Nunca se viu tanto o uso de moletons nas coleções apresentadas no período.Tecido mais barato, afinal, supunham os criadores, não haveria muito dinheiro nem para a produção menos ainda para o consumo. Bordados foram substituídos por estampas, jeans vieram nos índigos tradicionais tendo em vista que lavagens diferentes encareceriam a produção e aumentariam o preço final inviabilizando o consumo.
Aí você foi até a loja, comprou o jeans escuro "porque se sentiu bem usando, porque tem estilo próprio, blá,blá, blá..." Sinto muito meu caro, você comprou tendência.

Osklen Inverno 2009


Se a moda é reflexo de uma sociedade a tendência também segue esta premissa. Outro exemplo clássico de que a moda vem mesmo é do povo: na década de 20, as mulheres então libertas dos espartilhos, usam agora uma moda livre, vestidos curtos,soltos, leves e elegantes de silhueta retangular pouco feminina. Já no pós-guerra, com os homens voltando do front, as mulheres sentem a necessidade de se feminilizar para receber seus maridos-soldados  e apostam intuitivamente num look de cintura marcada. Captando o sinal, Dior cria em 1947 o New Look, amplamente usado e consolidado e que perpetuou-se durante os anos 50 e 60. 






Daí vem o terceiro exemplo: o Baby Boom. A fórmula: Estabilidade na economia advinda do final da Segunda Guerra + Mulherada toda trabalhada no New Look + Soldados regressos enlouquecidos de saudades = explosão de bebês!
Os bebês cresceram, nos anos 60 esses jovens eram maioria e influenciaram a moda do período. Foi a década do Rock and roll, do rebolado de Elvis, das jaquetas de couro, do topete e do jeans.  As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette e mais adiante de mini saias, num prenúncio de liberdade. A explosão de juventude fez com que, conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas criassem produtos específicos para os jovens. São os Baby Boomers, das ruas para as vitrinas, ditando tendências de moda e consumo.


Há quem ainda acredite que são os estilistas, a mídia, as revistas de moda que impõem o que se deve vestir. Porém o que é sabido é que antes mesmo do criador de moda desenvolver sua coleção ele busca tecelagens. As tecelagens e malharias por suas vez, buscam fiações que buscam referências em matérias primas, fibras e sobretudo em cores, estampas e padronagens geralmente baseadas nas cartelas de cores Pantone que, provavelmente pesquisa muito antes de desenvolver os pigmentos da próxima estação. O olhar parte sempre da sociedade, da leitura que se faz daquilo que o ser humano pensa e espera pra esse momento da vida, da história, tudo traduzido em roupas. Estilistas, mídias e fashionistas apenas confirmam estes sinais e os repassam para o grande público. Cabe a nós, é claro, aderir ou não, mas é um tanto difícil isentar-se das tendências uma vez que vivemos em um país, no mundo e estamos inseridos num contexto global. Sorria! Você pode estar sendo observado.






Créditos:



domingo, 22 de agosto de 2010

Post-à-porter

Vestir-se a Caráter




Códigos sociais nos ensinam como vestir-nos para ocasiões específicas: há os trajes relaxed, resort, esporte, esporte fino, social e black-tie. Não intenciono nesse post explanar cada um deles, assunto já tratado por muitos outros. Quero falar de algo que o termo do título me traz à cabeça.

Sempre quis deixar um legado para a humanidade e acho que encontrei meu modus operandi . Com base nas vivências cotidianas intentei criar o sétimo tipo de traje social. Este, diferentemente dos outros, pode (e deve) ser usado em quaisquer ocasiões, desde um passeio na praia, clube ou parque até mesmo nos mais formais  e luxuosos eventos. É um traje curinga, não custa muito caro mas há pessoas que ainda tem muita resistência ao uso.

Trata-se de cobrir-se de temperamento equilibrado e honestidade, enfeitar-se de educação e gentileza e, enfim, calçar-se de boa conduta. Eu chamo isto de "Vestir-se DE Caráter" .

Não é questão de dinheiro. As moedas que compram estas roupas são a boa vontade e o exercício. Apesar de que, acham-se muitas peças por aí nos brechós da vida ou mesmo jogadas nas ruas, abandonadas por muitos que não sentiram-se confortáveis utilizando-as ou que as abandonaram por conviccção mesmo. Seja como for, experimente, tem de todos os tamanhos e o provador é logo ali.






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Imagem:cherryouth.wordpress.com

O Design de Moda na Prática

O que pesa mais: Formação ou Experiência



Sexta-feira, 20 de agosto de 2010, aula de Desenvolvimento de Produto. Naquela noite estudamos sobre a importância de um cronograma no desenvolvimento de uma coleção. Eis que levanta a mão uma colega de classe que põe-se a dizer que isso 'que os professores ensinam na faculdade não condiz muito com a vida real, que tais ensinamentos servem apenas para modas da São Paulo Fashio Week' , e citou exemplos que, em tese, confirmariam sua tese.

Pois bem, eu que não consigo calar-me diante de alguns palavrórios argumentei que discordo, em partes é certo, do que acabara de ouvir. Considero a utilização de um cronograma  algo ESSENCIAL à uma empresa de moda, se a profissionalização for uma de suas preocupações, é claro. Fato é que o amadorismo impera ainda nos setores que criam moda país afora. Diria até que estes setores criam, na verdade, apenas vestuário, roupa para vestir. Moda mesmo, no sentido mais profundo do termo exige certos mecanismos de desenvolvimeto e produção. O designer de moda está aí para traduzir desejos dos usuários em peças que digam algo, que tragam em si um significado particular.

Aí então foi a vez da tréplica: ouvi da colega que mesmo trabalhando sem cronogramas e outras coisas que considera dispensáveis, estas empresas vendem bem e muito. Correto. Há mercado para todos, absolutamente; passeamos de modinhas Torra Torra à lojas-conceito, Zaras e Daslus. Mesmo essa que vos escreve é ré confessa e cliente incondicional da Marisa, C&A e de uma ou outra lojinha do calçadão.

O que não podemos deixar de considerar é que nós, criadores de moda, somos também formadores de opinião e temos escolhas a fazer: se queremos trabalhar sem cronogramas, fichas técnicas, e outros tantos 'fashion gadgets', podemos fazê-lo; a vontade é livre. Teremos no entanto que contentar-nos com um sucesso provinciano, nada além disso. De minha parte, a partir do momento em que for eu a responsável por uma moda, a inspiração, que partir de dentro de mim passando pelas peças de roupas que criar deverá fazer diferença para quem a vestir, deverão ter uma finalidade de existência que não só cobrir corpos. Isso até os homens das cavernas faziam - e bem feito.




quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Roupa e o Gesto


Este é, sem sombra de dúvida, o texto mais lindo e profundo que eu já pude ler sobre a roupa, escrito por alguém que é, supostamente, um cidadão comum. Amadeu Amaral foi muito feliz ao fazer uma interface entre a indumentária e o gesto, a relação da roupa com o corpo e com a alma. Vale muito a pena você ler todo o texto com calma e ir saboreando as palavras deste poeta brasileiro. É realmente tocante...





Memorial de um Passageiro de Bonde




Gosto de viajar no último banco. Vai-se mais resguardado de maçantes. Pode-se inspecionar o carro inteiro, quase sem ser visto. Não se vêem caras.

Evita-se o risco de pagar a passagem para os amigos que não o são, e pode-se fazer aos amigos que o são a surpresa de lha pagar, numa traição delicada, pelas costas, - o que, como fineza, tem na sua independência um especialíssimo sabor. - Por fim, pode-se fumar sem a preocupação de ser incômodo a senhoras, por que muito raramente vão senhoras no último banco e dá-se a coincidência de não haver outro depois do último.

Aliás, deixo de fumar perto de senhoras, não por uma particular deferência, mas apenas para não me incomodar a mim mesmo. Saborear um cigarro é prazer tão leve e tão fino, que o simples pensamento de que alguém no-lo possa estar amaldiçoando amarga os gorgomilos e embacia a transparência azulejante das espirais.

Apesar de preferir ordinariamente o último, fui hoje para o primeiro, e fiz toda a viagem voltado para o resto do carro. Não influiu nisto o fato de eu envergar o meu novo terno cinzento e de estrear uma comburente gravata de listras amarelas e filetes encarnados.

Não. Detesto exibições. E não distingo entre exibições, sejam de roupas, sejam de talentos ou virtudes, sejam de vícios ou maroteiras. Propendo até a perdoar mais facilmente a exibição de roupas, que não é assim tão idiota como inculcam os que não a podem pagar.

Ter vaidade de uma farpela bonita é geralmente uma falta venial e, por assim dizer, exterior, que não repercute nas regiões nobres da alma; ao passo que a vaidade intelectual envenena e turba as próprias fontes do pensamento, e a vaidade da boa ação destrói exatamente essa misteriosa e fragílima levedura de heroísmo, que é o seu único valor, - o imponderável que a análise não pode reduzir e ante o qual o escalpelo se detém, enquanto faísca no olho implacável do operador uma centelha de humana emoção.

É a vaidade exterior que tem preservado na mulher o seu secreto manancial de piedade e de energias profundas. Aparentemente frívola, ela é na realidade mais forte e melhor. Os seus tecidos aéreos, as suas rendas e fitas, as suas exterioridades espumosas e florais de criatura espetacular, são na realidade umas couraças, uns adarves, umas muralhas, - são tranqueiras e circunvalações defensivas que a mulher estende em redor de si, para ir entretendo o inimigo enquanto ela conserva lá dentro, na intimidade da cidadela sacra, o seu tesouro e o seu altar.

Não, a indumentária (termo suntuoso, que eu sentia envolver-me, luxuosamente, como a coisa designada) a indumentária não me influiu na resolução de ir para o primeiro banco. Predispôs-me bem, quando muito deu-me um calorzinho de otimismo e de simpatia difusa. Isto, sim. - De onde infiro que devíamos usar mais freqüentemente de roupa nova, revezando-a talvez com as mais velhas, para acentuar o efeito pelo contraste, mas enfim usar mais freqüentemente de roupa nova.

Se todos vivêssemos enfiados em estojos de boa fazenda e bom corte, de certo lucraria a disciplina interna das almas e com ela a facilidade e o concerto das relações entre os homens. - Um indivíduo rudemente estrafegado pela vida, mas sempre cingido em ternos corretos e confortáveis, suporta com outra filosofia e outra elegância os baldões da fortuna. Principalmente, é claro, quando a roupa está paga.
Homens há que são relembórios por teima, por descaso, por sistematização inconsciente das sugestões da preguiça, da somiticaria ou da falta de gosto. Querem fazer crer que são assim por vontade e que vão executando um programa bem meditado. Dão-se ares de desprezar profundamente essas materialidades ineptas. E a verdade é que são às vezes sinceros. Mas como se iludem!

O indivíduo mais sinceramente lavado de vaidades decorativas não pode, quando menos, deixar de sentir a cada instante a discrepância em que se encontra nos meios que freqüenta. Então, para manter a sua atitude interior de dissidência, não pode evitar a necessidade de pensar nisso, de fazer reflexões que deixam forçosamente um sedimento amargo, sobretudo quando reagem contra atitudes e atos depreciativos com que esbarrou. Sendo assim, onde está a liberdade interior que ele pretende prezar acima de tudo? A liberdade perfeita e bela seria a que implicasse no mesmo desprezo profundo e sereno as materialidades exteriores e todas as suas conseqüências - a liberdade de Diógenes ou de Francisco de Assis. Sem isso não é liberdade: é um simulacro, um escamoteio, um sofisma em ação, que traz consigo mesmo a sua pena perpétua, como a sua própria sombra.

Um dos seguros efeitos da roupa nova e bem cortada é que ela cria e mantém o hábito das posições perfiladas e dos movimentos harmoniosos. Vale por um esporte. Excelente esporte para o corpo, visto que o submete a uma disciplina retificadora e a uma continuada economia de força. Excelente esporte para a alma, que se modela à feição do corpo. - As atitudes e movimentos da alma são atitudes e movimentos corporais: a alma põe-se de pé, acocora-se, desliza, descai, ajoelha-se, caminha direita e alegre, ou cambaleia, ou rasteja. A alma toma todas as posições de luta, desde a de um calmo e melódico guerreiro de Fídias até à de um torpe moleque agachado e sinuoso, com a navalha empalmada e o pé igualmente pronto para a rasteira ou para a fuga.

Nas aulas de educação moral e cívica devia-se ensinar, antes de mais, a selecionar e fixar posturas e gestos. Aquele que aprendeu uma simples maneira nova de segurar o cigarro, de puxar e soltar a fumaça, de arremessar o coto, uma certa maneira vivaz, ritmada, incisiva e distinta de realizar todos esses pequenos movimentos, adquiriu alguma coisa que positivamente lhe modifica a personalidade, por via de ressonâncias que se vão convertendo em movimentos interiores habituais. - Inversamente, para convencer uma menina de que ela deve ser boazinha, não há como convencê-la de que assim se torna mais bonita. Há muito menina grande que faz toda a força do seu domínio interior com a simples preocupação de não ter cara de espeloteada ou de evitar a inflamação das pálpebras. Chamfort conta de uma dama que assim se justificava de assistir com olhos secos a uma comovedora representação teatral: "Eu choraria; mas é que tenho de cear na cidade".

Compreende-se bem a confusão que de ordinário se faz entre o gesto significativo e a coisa significada, entre o valor da virtude e suas aparências externas. Este pratica uma ação honrada, não por esta ou aquela razão abstrata, mas para poder andar "de cabeça erguida"; aquele, para poder "dar uma...", isto é, fazer um gesto violento e desaforado aos seus detratores. Conheci um homem que, dando uma grossa esmola a uma igreja, dizia: "Não é lá tanto pela religião, porque enfim eu vivo a fazer por ela o que posso; mas é cá por uma birra, - é um couce que eu prego ao Alvarenga, aquele idiota, que deu um conto de réis e disso se pavoneia."

A metáfora é mais do que um artifício pitural, é a gesticulação das almas.

Somos bonecos à procura de gestos. Estes preexistem e persistem fora de nós, e nós passamos por eles como a água passa pelos vasos e canais que a contêm e lhe dão forma, como a água passa pelos acidentes da própria correnteza e do próprio caminho, pelas suas rugas, pelas suas cintilações e sombras, pelas suas espumas e cachões.

Tomamo-los no lar, desde o berço, e na escola; apanhamo-los no teatro, no cinema, nos livros, nos quadros, na escultura, na rua, nas salas, na própria música, que espontaneamente se resolve em desenhos cinéticos de uma aérea e fulmínea expressividade.

Os gestos de dignidade serena, de compostura discreta e elegante estão, em parte, incorporados às roupas distintas, como um forro invisível. O alfaiate corta pelo pano e, sem o saber, vai cortando ao mesmo tempo por uma tela espiritual, fabricada por duas tecelãs incansáveis, a Humanidade e a Natureza.

Dizem que o hábito não faz o monge. Imagine-se o que seria um frade de São Francisco sem o seu hábito! O hábito só não faz o monge quando esse está de tal maneira conformado pela vestimenta, que já pode impunemente despi-la, sem de fato arrancá-la toda do corpo.



A toga foi talvez a mais importante das invenções romanas. De certo contribuiu mais do que tudo para fortalecer e ritmar, para esculturizar o caráter daquela gente estrepitosa e derramada.

Por uma razão semelhante, as estátuas clássicas (isto me parece que foi dito por Alam) são formas imperecíveis de idealidade ética, formas que precedem e sobrevivem ao conteúdo ideal que nelas vão sucessivamente vazando as gerações.

A roupa é muita coisa, porque a expressão é tudo. Tudo quanto em nós representa idéia, pensamento, espirito, são expressões que se refletiram para dentro e puseram um pouco de luz e de ordem no caos de que brotaram - como esses deuses barbáricos e frustes que nasceram da pedra informe, das águas indeterminadas, dos elementos brutos e confusos, para individuar as coisas e esboçar uma organização do mundo.



Dá vontade de aplaudir...e de pé.



Significado de algumas palavras:

Embacia: embaça
Farpela: roupa
Venial: perdoável
Baldões: barreiras impostas
Simulacro: disfarce
Escamoteio: subterfúgio
Sofisma: engano
Couce: coice
Estreptosa: notória
Fruste: não polido, rude.




Imagem: olhares.aeiou.pt

sábado, 14 de agosto de 2010

Asas


Pássaros by Jefferson Kulig

Existe uma forte tendência para a próxima estação que diz respeito à natureza e mais precisamente à temática dos pássaros. Podemos observar bem isto na coleção de Jefferson Kullig para o Verão 2011 seja em estampas, seja em aplicações de penas em delicados vestidos. Esta corrente vem se confirmando em editoriais de moda nacionais e internacionais e já podem ser percebidas em pinceladas nas ruas.
Pássaros são esteticamente bonitos e especialmente simbólicos. Supoem liberdade, canto, cores, vôos.



Pássaros by Pedro Lourenço

Desde que comecei a trabalhar não-oficialmente com moda, em consequência do destaque que recebi em mídias locais ouvi uma frase do diretor de serviço do Fórum, meu trabalho oficial, que vem me servindo por combustível:




 "Tá batendo as asas, hein!"


Bingo!
Ele foi capaz de ler nas entrelinhas e interpretar simbolicamente o significado de toda essa minha movimentação rumo ao mundo fashion.  




Pássaros by Mc Queen


Todos nós, assim como pássaros, temos asas; resta-nos fazer nosso vôo. É maravilhoso usar nossa liberdade pra fazer o que a gente gosta e ainda deixar um legado para outras pessoas. Afinal, pássaros nasceram pra voar. Gaiolas e ninhos são temporários. Nossa morada é o céu, nossa casa é  o infinito, nossa moda é ser feliz!




Pássaros by Yves Saint Laurent






Pássaros by Zara e Gina Tricot


Pássaros by Miu-Miu







Créditos das imagens:
liliandalledone.blogspot.com
gracinha.fashionblog.com.br
nataliacareti.blogspot.com
garotasmodernas.com


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um pouco mais de Gilles...

Essa vai pro pessoal do Estúdio Jefferson Kullig (e para o próprio) que acredita que as rupturas são elemento essencial ao design aplicado à Moda e que é isso que a torna algo vivo e em constante construção.

" A instabilbidade da moda significa que o parecer não está mais sujeito à legislação intangível dos ancestrais, mas que procede da decisão e do puro desejo humano. Antes de ser signo da desrazão vaidosa, a moda testemunha o poder dos homens para mudar e inventar sua maneira de aparecer; é uma das faces do artificialismo moderno, do empreendimento dos homens para se tornarem senhores de sua condição de existência."





Rei Kawakubo:

"A moda só tem realidade na estimulação".









E a saideira de Lipovetsky:


"A vida é muito curta para se vestir tristemente". (lindo, né! :)




“Triste época! Mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”



Albert Einstein





Hasta luego!



domingo, 8 de agosto de 2010

Tirinha irresistível!

Não ia postar mais nada hj, mas qdo vi isso....



Agora durma com esse barulho.

O Império do Efêmero


Eu havia lido o livro de Gilles Lipovetsky quando estava no comecinho da faculdade e já havia gostado. Agora, na metade do curso, consigo situar melhor as pensatas do autor dentro da história da moda e compreender com mais clareza todo esse mecanismo. Alguns trechos são definições exatas daquilo que penso mas não conseguia definir ou expressar com palavras -  Gilles faz isso com maestria e acho bacana reproduzir aqui no Moda, chocolate e Coca-Cola.



"Vitupera-se contra a moda, mas não se deixa de adotar, em suas pegadas, uma técnica hiperbólica análoga, o must do sobrelanço conceitual. Nada muda, o machado de guerra apocalíptico não foi enterrado, a moda será sempre a moda, sua denúncia é sem dúvida consubstancial a seu próprio ser, ela é inseparável das cruzadas da bela alma intelectual".




"A ilusão da frivolidade da moda é apenas a espuma de um fenômeno social. A moda é o agente supremo da dinâmica individualista em suas diversas manifestações".

"A moda é acompanhada de efeitos ambíguos (...) o que temos de fazer é trabalhar para reduzir sua inclinação 'obscurantista' e aumentar sua inclinação 'esclarecida', não procurando riscar num traço o strass da sedução, mas utilizando suas potencialidades libertadoras para a maioria".

"A moda estetizou e individualizou a vaidade humana, conseguiu fazer do superficial um instrumento de salvação, uma finalidade de existência"

"A moda favorece audácias e trangressões diversas. Ela é um agente da revolução democrática" (!)

"A moda não corresponde a uma dominação tirânica do coletivo; ela traduz muito mais exatamente a emergência da autonomia dos homens no mundo das aparências. É um signo inaugural da emancipação da individualidade estética, a abertura do direito à personalização, ainda que ele esteja evidentemente submetido aos decretos cambiantes do conjunto coletivo"

"A moda é o êxtase frívolo do EU".

"A moda consumada vive de paradoxos: sua inconsciência favorece a consciência; suas loucuras, o espírito de tolerância; seu mimetismo, o individualismo; sua frivolidade, o respeito pelos direitos do homem".


Besos y hasta la mañana...



Poucas e boas...


Dia desses me enchi de vontade e coragem e "dei uma geral" em meu guarda-roupa. Coloquei roupas, cabides, calçados, acessórios e afins abaixo e analisei peça a peça.

É de boa qualidade?                                                     Valoriza meu biotipo?

As cores e estampas favorecem meu tom de pele?

É confortável?                                                      Tem bom caimento?


O resultado foi que, de tudo que habitava meu figurino há anos, restou no máximo 20%. 
Porém, o mais interessante foi notar que as peças que restaram se harmonizam em cores e modelagens. Sem-querer-querendo, as roupas sobreviventes conversam entre si numa coesão beeem familiar.
A busca por uma imagem consistente é um importante processo que  passa necessariamente por esta etapa.
Aí estive pensando: não é mesmo assim com nossas amizades?
Ao longo dos anos, guardamos em nosso peito muitos amigos. Mas é preciso coragem e vontade pra um dia olhar pra dentro e sentir, detectar até que ponto merecem permanecer ali, até onde podemos contar com eles; até onde iriram por nossa amizade. E qual não é a surpresa quando percebemos que restaram poucos...e bons. Pessoas que te respeitam em vida e não esperam tua morte para aí então encher-te de lisonjas. 
Doeu, confesso, desfazer-me de muitas coisas. Um saco de lixo cheinho foi para um brechó. Com a grana da venda, fui pro shopping e investi numa nova sapatilha, que também tem afinidades com meus looks.
Vai doer, certamente, desapegar-se de determinados sujeitos.Talvez porque, de algum modo, assim como minhas roupas eles façam parte da sua vida, de sua história. Mas esteja certo que alguns passos  a mais e, num tempo próximo,  apesar de ocupar menos espaço dentro seu peito, um novo amigo vai te fazer sentir uma pessoa mais consistente. E melhor.