Dia desses me enchi de vontade e coragem e "dei uma geral" em meu guarda-roupa. Coloquei roupas, cabides, calçados, acessórios e afins abaixo e analisei peça a peça.
É de boa qualidade? Valoriza meu biotipo?
As cores e estampas favorecem meu tom de pele?
É confortável? Tem bom caimento?
O resultado foi que, de tudo que habitava meu figurino há anos, restou no máximo 20%.
Porém, o mais interessante foi notar que as peças que restaram se harmonizam em cores e modelagens. Sem-querer-querendo, as roupas sobreviventes conversam entre si numa coesão beeem familiar.
A busca por uma imagem consistente é um importante processo que passa necessariamente por esta etapa.
Aí estive pensando: não é mesmo assim com nossas amizades?
Ao longo dos anos, guardamos em nosso peito muitos amigos. Mas é preciso coragem e vontade pra um dia olhar pra dentro e sentir, detectar até que ponto merecem permanecer ali, até onde podemos contar com eles; até onde iriram por nossa amizade. E qual não é a surpresa quando percebemos que restaram poucos...e bons. Pessoas que te respeitam em vida e não esperam tua morte para aí então encher-te de lisonjas.
Doeu, confesso, desfazer-me de muitas coisas. Um saco de lixo cheinho foi para um brechó. Com a grana da venda, fui pro shopping e investi numa nova sapatilha, que também tem afinidades com meus looks.
Vai doer, certamente, desapegar-se de determinados sujeitos.Talvez porque, de algum modo, assim como minhas roupas eles façam parte da sua vida, de sua história. Mas esteja certo que alguns passos a mais e, num tempo próximo, apesar de ocupar menos espaço dentro seu peito, um novo amigo vai te fazer sentir uma pessoa mais consistente. E melhor.
2 comentários:
I N C R I V E L!
Ontem eu fiz exatamente isso. :)
Se, ao acordar, posso escolher uma roupa,
posso escolher também o sentimento
que vai vestir meu dia.
Se, no percurso, posso errar o caminho
posso também escolher a paisagem
que vai vestir meus olhos.
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